sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Do outro Lado?


Pois é meus queridos amigos, minha estadia por aqui terminou, mas desejo a todos que lutm por seus direitos e nunca desanimem com os obstáculos que surgirem em suas vidas.
Deixo um pequeno texto do Doutor Drauzio Varella, como despedida.

Causas da homossexualidade  

Existe gente que acha que os homossexuais já nascem assim. Outros, ao contrário, dizem que a conjunção do ambiente social com a figura dominadora do genitor do sexo oposto é que são decisivos na expressão da homossexualidade masculina ou feminina.
Como separar o patrimônio genético herdado involuntariamente de nossos antepassados da influência do meio foi uma discussão que monopolizou o estudo do comportamento humano durante pelo menos dois terços do século XX.
Os defensores da origem genética da homossexualidade usam como argumento os trabalhos que encontraram concentração mais alta de homossexuais em determinadas famílias e os que mostraram maior prevalência de homossexualidade em irmãos gêmeos univitelinos criados por famílias diferentes sem nenhum contato pessoal.
Mais tarde, com os avanços dos métodos de neuro-imagem, alguns autores procuraram diferenças na morfologia do cérebro que explicassem o comportamento homossexual.
Os que defendem a influência do meio têm ojeriza aos argumentos genéticos. Para eles, o comportamento humano é de tal complexidade que fica ridículo limitá-lo à bioquímica da expressão de meia dúzia de genes. Como negar que a figura excessivamente protetora da mãe, aliada à do pai pusilânime, seja comum a muitos homens homossexuais? Ou que uma ligação forte com o pai tenha influência na definição da sexualidade da filha?
Sinceramente, acho essa discussão antiquada. Tão inútil insistirmos nela como discutir se a música que escutamos ao longe vem do piano ou do pianista.
A propriedade mais importante do sistema nervoso central é sua plasticidade. De nossos pais herdamos o formato da rede de neurônios que trouxemos ao mundo. No decorrer da vida, entretanto, os sucessivos impactos do ambiente provocaram tamanha alteração plástica na arquitetura dessa rede primitiva que ela se tornou absolutamente irreconhecível e original.
Cada indivíduo é um experimento único da natureza porque resulta da interação entre uma arquitetura de circuitos neuronais geneticamente herdada e a experiência de vida. Ainda que existam irmãos geneticamente iguais, jamais poderemos evitar as diferenças dos estímulos que moldarão a estrutura microscópica de seus sistemas nervosos. Da mesma forma, mesmo que o oposto fosse possível - garantirmos estímulos ambientais idênticos para dois recém-nascidos diferentes - nunca obteríamos duas pessoas iguais por causa das diferenças na constituição de sua circuitaria de neurônios. Por isso, é impossível existirem dois habitantes na Terra com a mesma forma de agir e de pensar.
Se taparmos o olho esquerdo de um recém-nascido por 30 dias, a visão daquele olho jamais se desenvolverá em sua plenitude. Estimulado pela luz, o olho direito enxergará normalmente, mas o esquerdo não. Ao nascer, os neurônios das duas retinas eram idênticos, porém os que permaneceram no escuro perderam a oportunidade de ser ativados no momento crucial. Tem sentido, nesse caso, perguntar o que é mais importante para a visão: os neurônios ou a incidência da luz na retina?
Em matéria de comportamento, o resultado do impacto da experiência pessoal sobre os eventos genéticos, embora seja mais complexo e imprevisível, é regido por interações semelhantes. No caso da sexualidade, para voltar ao tema, uma mulher com desejo sexual por outras pode muito bem se casar e até ser fiel a um homem, mas jamais deixará de se interessar por mulheres. Quantos homens casados vivem experiências homossexuais fora do casamento? Teoricamente, cada um de nós tem discernimento para escolher o comportamento pessoal mais adequado socialmente, mas não há quem consiga esconder de si próprio suas preferências sexuais.
Até onde a memória alcança, sempre existiram maiorias de mulheres e homens heterossexuais e uma minoria de homossexuais. O espectro da sexualidade humana é amplo e de alta complexidade, no entanto; vai dos heterossexuais empedernidos aos que não têm o mínimo interesse pelo sexo oposto. Entre os dois extremos, em gradações variadas entre a hetero e a homossexualidade, oscilam os menos ortodoxos.
Como o presente não nos faz crer que essa ordem natural vá se modificar, por que é tão difícil aceitarmos a riqueza da biodiversidade sexual de nossa espécie? Por que insistirmos no preconceito contra um fato biológico inerente à condição humana?
Em contraposição ao comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse, ela simplesmente se impõe a cada um de nós. Simplesmente, é!
  
* Drauzio Varella é médico, formado pela USP.

12 comentários:

  1. Que pena, teus assuntos estavam muito interessantes.
    Este artigo acima foi maravilhoso.
    A medicina agora passou a entender a homossexualidade como "ser".

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  2. Realmente somos porque somos e pronto.
    Parabéns pela iniciativa e realmente é uma pena que tua passagem por aqui terminou, espero que voltes.
    Um abraço.
    Maria

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  3. Conceitos e mais conceitos, obrigada Dr. Drauzio, este seu artigo é muito importante para a ralidade em que estamos vivendo.
    Marilene adorei os assuntos, espero que continues trabalhando senão aqui mas em outros espaços.
    Karem

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  4. Oi sou o Douglas, adorei teus assuntos e espero que volte, por enquanto muito obrigaduuuuuuuuu, este Drauzio é maaaaaaaaaaraaaaaaaaa.
    Bjão.

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  5. Obrigado Marilene e Go Party por mais um esclarecimento.
    Parabéns pela iniciativa e espero que voltes com mais assuntos importantes para nossas vidas.

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  6. "Ser lembrado é acima de tudo um agradecimento que deve ser retribuído
    com um obrigado muito especial, feito de dentro para fora, do coração para o mundo."

    Obrigado por lembrar de nós homossexuais e elaborar um trabalho muito especial como este.
    Valeu a pena ter lido e feito comentários.

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  7. Go Party...
    Obrigado, pela iniciativa
    Obrigado, pela força que vocês estão dando aos homossexuais.
    Obrigado, pela alegria que sinto quando estou conectado e através de vocês posso expor minhas idéias.
    Obrigado, pela compreensão sobre assuntos tão polêmicos.
    Enfim...!
    São tantos OBRIGADOS, que aqui não caberia quase nada.

    Obrigado por vocês e a Marilene estarem tentando mostrar o que realmente é estar "Do Outro Lado"

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  8. Marilene e Go Party
    Estou aqui para agradecer por lembrarem de nós, homossexuais pela gentileza de postarem coisas
    tão bonitas que tocam em nossos corações.
    Sabem, tudo que é bom dura o tempo suficiente para se tornar inesquecível,e a proposta de trabalho com certeza é, INESQUECÍVEL...

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  9. Quantas vezes fomos "tachados" de loucos ou doentes?
    Ainda bem que Dr. Drauzio está dismistificando esta situação.
    Valeu Mari e ao Luquinhas e ao Ada parabéns por te pensado noa Go Party.

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  10. “Gestos de carinho, atenção e delicadeza fazem-nos perceber quanto algumas pessoas são especiais na forma de ser e como são bem-vindas as suas ações. Muito obrigado!”
    Estes assuntos foram muito importantes para todos, pena que um site com quase vinte e dois mil acessos, poucos se manifestaram.

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  11. Parabéns pelo trabalho realizado e espero que tenhas contribuido para um melhor entendimento da homossexualidade por todos os participantes, pois sei que quem entrou com certez leu, pena que não postaram nada. Fica um recado posicionem-se sempre que for possível, estes posicionamentos fazem ocorrer mudanças.
    Joelma

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  12. Oi pessoal da Go Party, parabéns mais uma vez pelo trabalho que oportunizaram a Marilene, são pequenos gestos que fazem grandes diferenças.

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